12/13/2022

XCIII- A História da Scuderie Detetive Le Cocq





                                                               (Imagens da Internet)

História 

A Scuderie Le Cocq foi criada para vingar a morte em serviço de Milton Le Cocq, famoso detetive de polícia do estado do Rio de Janeiro, (antigo Distrito Federal), integrante da guarda pessoal de Getúlio Vargas e primo do Brigadeiro Eduardo Gomes. Ele foi morto por Manoel Moreira, conhecido como Cara de Cavalo, marginal que atuava na Favela do Esqueleto, na década de 1960 vendendo proteção aos banqueiros do jogo do bicho para que não se roubasse seus pontos de jogo.

A morte mobilizou diversos policiais que se apresentaram voluntariamente para participar das diligências.Cara de Cavalo foi encontrado e morto poucos dias depois, com mais de 50 tiros.Entre os executores se encontravam Luís Mariano e Guilherme Godinho Ferreira, o Sivuca, que mais tarde se elegeria deputado estadual pelo Rio de Janeiro, com o bordão "bandido bom é bandido morto".

Em 1965 foi fundada oficialmente a Scuderie Detetive Le Cocq, tinha como presidente de fato o policial Euclides Nascimento e como presidente de honra o jornalista David Nasser. A Le Cocq transformou-se em associação e chegou a reunir sete mil associados e admiradores. Seu objetivo era a repressão ao crime.

As iniciais "E.M." no brasão da Scuderie Le Cocq significam "Esquadrão Motorizado", divisão da Polícia Especial à qual pertencia o detetive Milton Le Cocq na época em que ele era integrante da policia especial, e não Esquadrão da Morte.O emblema da Scuderie Le Cocq era uma caveira em cima de ossos cruzados.Com a extinção da Polícia Especial, Le Cocq, além de seus colegas Sivuca e Euclides passaram para a Polícia Civil.

A associação era liderada pelos chamados "Doze Homens de Ouro" (um para cada casa do zodíaco), eram doze famosos policiais escolhidos pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luis França, para "limpar" a cidade. Segundo o delegado Sivuca, "o grupo foi criado para dar satisfação à sociedade". Os doze homens de ouro eram agentes famosos, bem treinados, corajosos e aplaudidos por terem eliminado alguns dos piores bandidos da época, a começar pelo "Cara de Cavalo", depois "Mineirinho" e muitos outros bandidos famosos da década de 60, que foram mortos em suas próprias comunidades. Zé Pretinho, por exemplo, foi morto na porta de seu barraco, no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Bidá morreu no Morro do Querosene, no Catumbi, e Passo Errado, no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão.

Sivuca foi presidente da Scuderie Le Cocq, era ex-delegado de polícia, eleito deputado estadual pelo PSC. O ex-delegado explica que os integrantes da Scuderie prendiam criminosos, mas a orientação era agir dentro da lei. "Mas tínhamos uma regra. Se o criminoso reagisse à prisão, era morto, sem dúvida." E revelou que a fama de matadores surgiu porque muitos associados cometiam excessos. Um deles foi o policial Mariel Maryscotte de Matos, que, por descumprir regras, acabou expulso do grupo na década de 1970 e foi assassinado em 1981. "Tinha muito Le Cocquiano que matava e, depois, ligava para a imprensa".

A Scuderie Detetive Le Coq do Século XXI:

Conhecido no passado como grupo de extermínio, a Scuderie Le Cocq se reorganizou como instituição filantrópica e seus integrantes agora se mobilizam para “patrulhar” a orla do Rio nos fins de semana para evitar arrastões. A ideia é que os policiais civis e militares que aderiram ao grupo atuem à paisana. Outros farão panfletagem para “esclarecer a população sobre seus direitos”.
O diretor-jurídico Carlos Fernando Maggiolo, advogado criminalista, afirmou que “qualquer pessoa do povo pode prender outra em flagrante delito”, mas defende que apenas aqueles que têm treinamento policial tomem a atitude. “Policiais podem proceder abordagem e busca pessoal em qualquer circunstância, mesmo que estejam de folga.” 
Ele, no entanto, critica a ação de “justiceiros” que atacaram passageiros de ônibus, suspeitos de terem participado de arrastões em Ipanema, na zona sul, no mês passado. Mas defende a formação de “comunidades regionais” que atuem pela segurança da vizinhança, desde que tenham treinamento.
“Para fazer esse tipo de abordagem tem de ter escola. Um cidadão, por mais bem intencionado, não está preparado para a abordagem. Não apoio esse tipo de atitude (dos justiceiros). Mas a intenção é válida. O cidadão de bem está no seu direito de reação. O ideal é que se formassem comunidades regionais, que se preparassem vizinhos qualificados para essa função”, afirmou Maggiolo. 

A Vingança. A Scuderie Le Cocq foi criada nos anos 60 para vingar a morte do detetive Milton Le Cocq, assassinado pelo criminoso conhecido como “Cara de Cavalo”. A Scuderie tinha como símbolo uma caveira sobre ossos cruzados e as letras E.M., interpretadas pela população como iniciais de esquadrão da morte, como eram conhecidos os pioneiros grupos de extermínio de suspeitos da prática de crimes. Maggiolo nega. As letras significavam esquadrão motorizado, disse ele. O grupo chegou a ter 7 mil associados. Nos anos 2000, a instituição foi extinta pela Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Os integrantes voltaram a se reunir há dois anos, com a intenção de “resgatar a imagem do policial, muito corrompida com essa perseguição da imprensa marrom”. “Morre bandido e o eco vai para os quatro cantos. Policial morre todo dia e ninguém fala nada”, afirmou Maggiolo. A nova Scuderie se propõe oferecer assistência jurídica para policiais acusados de crime no exercício da função e a defender a revogação do Estatuto do Desarmamento. Hoje, há 100 cadastrados.

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